Grande Medo é o nome dado
aos acontecimentos ocorridos logo no início da Revolução Francesa de 1789. Seu
início está ligado aos resultados deficitários da agricultura local naquele
período de grande confusão e incerteza. Milícias rurais guardavam a colheita no
campo já que a autoridade do antigo regime havia sido implodida. Em tal cenário
de desinformação, os rumores predominam, e a população em geral é levada a crer
que hordas de bandidos armados estavam prestes a invadir as cidades. Os camponeses
então pegam em armas para reagir à alegada ameaça e iniciam ataques a vários
solares (tipo de casa grande rural francesa). Mesmo assim, continuavam os
rumores, sendo um de que uma força estrangeira havia invadido a França e
queimado as colheitas; outro dava conta de que bandidos queimavam casas em
vários vilarejos.
Com toda essa desorganização
grassando o meio rural, a 4 de Agosto o governo provisório francês decreta o
fim do regime feudal na França, em boa parte devido ao medo de que a
instabilidade no interior fizesse a já precária situação econômica, política e
social da França se agravasse ainda mais.
As revoltas ocorridas na
época tinham não só causas econômicas, mas políticas, e que datavam de
acontecimentos bem anteriores, especialmente das secas que atingiram a região e
pelas condições precárias de vida, mera repetição do que acontecia nas
empobrecidas cidades do reino. Desde a época do ministro das finanças Jacques
Necker, do então rei Luís XVI, avisos de possíveis rebeliões gerais no campesinato
eram previstas, e o ambiente de anarquia estava apenas à espera de um
acontecimento mais drástico para estourar. Os camponeses armam-se cada vez mais
e o pânico inicia-se na região de Franche-Comté, logo se transformando no
"Grande Peur" (Grande Medo, em francês), à medida que as cidades
vizinhas daquelas atacadas tomavam os camponeses armados e descontentes por
forças invasoras.
Apesar de popularmente
associado a camponeses, o Grande Medo foi obra também de todos os outros
integrantes do tecido social francês, inclusive nobres empobrecidos.
Aparentemente a classe burguesa teria, assim como o baixo campesinato, muito a
lucrar com o desmantelamento do regime feudal então em voga.
O Grande Medo ajuda também a
explicar em boa parte o porquê da nobreza e do clero francês terem se desfeito
de seus antigos privilégios feudais na noite do 4 de agosto, além de fazer
valer perante a Assembleia Nacional Constituinte que se formava, a abolição
definitiva dos costumes feudais, ante o total descontentamento da antiga
nobreza.
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